terça-feira, 27 de julho de 2010 | By: Valeska Moraes

O assassinato.

Escurecia.
Era muito tarde para que eu me preparasse psicologicamente para aquilo.
Eu estava realmente decidido a fazer o que eu sentia que já deveria ter feito, mas esperava o momento certo.
Tudo bem, tomei a coragem em minhas mãos, guardei os aneis no bolso, preparei o cenário perfeito e tranquei a porta...

"Toalha bordada sobre a mesa,
velas brancas em suas extremidades.
Copos de cristal.
Guardanapos prateados.
Pratos de porcelana.
Talheres de prata.
Cadeiras acolchoadas.
Musica intrumental.
Janelas fechadas.
Uma colcha vermelha sobre a cama.
Rosas espalhadas pelo chão da sala.
Arcondicionado central.
Vinho importado.
Luz apagada."

E Ela chegou.
Ouvi os seus passos se aproximando aos poucos.
Respirei fundo.
Peguei as flores, os aneis. E a coragem.
Abri a porta cuidadosamente.
"Boa noite. - eu disse. - Sente-se aqui."
Eu estava nervoso. Apesar de saber que aquilo era apenas a reconciliação de um casal apaixonado e futuramente noivo, eu estava bastante receoso.
Ela olhou em volta, com uma reação que eu não soube identificar. E começou a falar, prestes a agradecer, supus.
Antes que terminasse a 2ª palavra, eu contei-lhe que preparei o jantar, e ela agradeceu dizendo que queria me dizer uma coisa importante.
Eu sorri. E disse que também havia uma coisa muito importante pra lhe falar.
Fui gentil e rapidamente falei: "Você começa então."
Enquanto já tirava o anel do bolso e o escondia na palma da mão.
Ela olhou em meus olhos profundos, e friamente falou: "Eu so vim dizer adeus."
Meu coração gelou por alguns segundos, enquanto eu esperava na esperança desesperada, que ela dissesse que era apenas uma brincadeira de mal gosto.
Meus olhos encheram-se de lagrimas, e então ela disse: "O que você tinha pra dizer, era isso também?"
Prendi o choro e guardei o anel: "Sim, era."

Bom, agora eu cansei.
Cansei porque até hoje eu esperei que aquilo fosse uma brincadeira.
Até hoje eu acreditava que ela iria voltar e ficar comigo.
Até hoje eu tinha os aneis guardados no bolso...
Esperando a esperança morrer.
Mas a esperança... ela nao morre.

Até que voce mate-a.