sábado, 5 de março de 2011 | By: Valeska Moraes

Ciúme

Destino, deveras, que não muda,
história de amor, que se repete
olhares a minha alta’juda:
Ciúme que ao descontrole se arremete,
não me provoque e não me acuda,
faz de conta que me conhece:

Sabes, tu, que sou paciente
desvairado mais, do manicômio
ciúme despertado, faz doente
quebrar matrimonio,
matar demônio,
beber vinho quente.

Bêbado delirante a sonhar:
se não abandono, é traição
Enciumado, não finge evitar:
que pensa omissão,
e guarda aversão.
Não quer se pronunciar.

Mas, deveras, eu obtive,
honras ao mérito de quem assume
“ Vivi mais que gato vive,
pelo menos, de costume,
Na oitava vida, que tive:
Faleci. ”
Morri de ciúme.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010 | By: Valeska Moraes

Desapego

Já nao tenho tanto medo de perder os meus amigos.
As vezes eu não sei onde eles estão.
Se é que eles estão.
Há coisas que eu não posso dizer.
Mas as que eu posso, eu também não diria.
Há escolhas que eu não deveria fazer. E faço.
Inconscientemente.
Quero dizer que meu limite está tão proximo que já consigo vê-lo sem esforço.
Conheço a proxima cena.
Infelizmente.
Repito e reforço, já nao tenho tanto medo de perder os meus amigos.
Tenho medo, na verdade, que eles me percam.
Luto contra mim. Mim contra eu.
Volto a rezar.
Mudo de amigos.
Mudo de namorado.
Mudo de santo.
Pois que seja. Ou não.
Meu santuario agora tem uma foto de Nossa Senhora das Causas Impossiveis e eu so rezo para a Santa Paciencia.


O mundo está ao contrário.
Alguém reparou?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010 | By: Valeska Moraes

Enlou-cresça

Quantas pessoas sabem o que se passa por sua cabeça agora?

Sorria... sobre as suas mil e poucas camadas.
Viva. E se não puder, pelo menos, sobreviva.
Se não fizer isso por voce, nem por seus pais,
faça por seu cachorro... se ele pudesse falar ele te convenceria.
Quem mais comemora seu reencontro todos os dias?
Estude.
Namore.
Cante.
Dance no chuveiro.
Crie um idioma.
Converse com seu cachorro.
Vire conzinheiro, cantor, pintor e poeta.
Porque Felicidade so existe do outro lado da janela.
Sua grama não está tão verde?
Compre uma artificial.
Suas musicas nao estão boas?
Ouça as de sua mãe. As musicas que ela canta errado são as mais interessantes e sempre fazem mais sentido.
Sente um vazio por dentro?
Faça um lanche e encha de tudo o que vir pela frente.
E se estiver bastante triste ouça a pior musica do seu repertorio.
Bandas ruins nao servem para se ouvir, so pra se arrancar sorrisos.
Quanto pior a musica, melhor.
Abra sua janela. A tristeza precisa ir embora.
E a alegria so precisa de espaço, e uma musica ruim pra ajudar a expandi-la.
Abrace. Perdoe. Ame.
Construa o seu castelo de amor. Agora.
Constua uma barreira em sua volta.
Monte seu exercito.
Defenda-o.
Antes que a onda venha e não leve so a sua sandalia.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010 | By: Valeska Moraes

Insônia.


A metade de amor sempre ama
a sua metade.
a metade que rejeita a sua
respectiva.


Há sempre uma metade
que não entende.
Há sempre uma metade
que insiste.
Há sempre uma metade
que maltrata
a outra metade.
Que resiste.

Enquanto uma vive,
a outra sobrevive.
Enquanto uma sonha,
outra insonia.


Não admirável o não dormir de amar.
Metade estupida.
Sonho incompleto
que sempre acaba
quando eu sonhava
em não acordar.


Eis que sou uma metade.
Que não come,
não vive,
porque mais insiste.
Metade de amor
de tão incançavel...
que o sono miserável
desiste.
terça-feira, 21 de setembro de 2010 | By: Valeska Moraes

O 54º poema: Dirceu esquece Marilia

Não penses, Marília, tu
que meu sorriso é teu raro
que vive às masmorras da solidão
Eu, minha donzela, hoje paro
de dar cordas ao desamparo
para a piedosa libertação

Não que viva, bela Marília,
Ao elevado reino
de amigos e amores,
Sem submissos ou desatentos
espinhos e belas flores
Só es que tuas magoas e dores
Já não me fazem julgamento

Pois eu que cantei na lira sagrada
E te roubei flores dos belos jardins
Vivi 53 poemas ao teu amor
E quando o último deles acabou,
Você, Marília, não me quis.

Padeces agora, padeces,
descamando sua beleza em pranto
E o que voce sorria, esquece
E o que eu sofria, canto
nas mais belas canções de liberdade
que a sua blasfemia emudece
não julgo a Marilia, mas merece,
sentir a dor da minha saudade

Importante es tu, Marilia
para teu poeta mais compor
as mais belas historias de poemas
que recitavam a ti: amor
Mas a ímpia mágoa que me dera
Transformaste os poemas que eu fizera
em cançoes de ímpia dor.

Pois que escreve ainda teu poeta
Sobre benevolencias irrelevantes
ainda sobre ti são os textos
que escreverá ele adiante
Com o tema do que deixara
no coração do teu amante:
O amor destroçado
de um corção despedaçado
com palpitadas dilacerantes

Entregue aos braços da paz
o teu poeta, ve nova cor
Não da cinza solidão
Nem do negro desamor
Confunde libertinagem com liberdade
Mas sossegado,
na corrida á tranquilidade,
ele ultrapassa o teu amor.

Marília desamparada chora,
pelos outros, tua propria dor
Pensa a bela moça:
"Se até Dirceu esquece Marília
qualquer outro apaixonado
pode esquecer do teu amor."
terça-feira, 27 de julho de 2010 | By: Valeska Moraes

O assassinato.

Escurecia.
Era muito tarde para que eu me preparasse psicologicamente para aquilo.
Eu estava realmente decidido a fazer o que eu sentia que já deveria ter feito, mas esperava o momento certo.
Tudo bem, tomei a coragem em minhas mãos, guardei os aneis no bolso, preparei o cenário perfeito e tranquei a porta...

"Toalha bordada sobre a mesa,
velas brancas em suas extremidades.
Copos de cristal.
Guardanapos prateados.
Pratos de porcelana.
Talheres de prata.
Cadeiras acolchoadas.
Musica intrumental.
Janelas fechadas.
Uma colcha vermelha sobre a cama.
Rosas espalhadas pelo chão da sala.
Arcondicionado central.
Vinho importado.
Luz apagada."

E Ela chegou.
Ouvi os seus passos se aproximando aos poucos.
Respirei fundo.
Peguei as flores, os aneis. E a coragem.
Abri a porta cuidadosamente.
"Boa noite. - eu disse. - Sente-se aqui."
Eu estava nervoso. Apesar de saber que aquilo era apenas a reconciliação de um casal apaixonado e futuramente noivo, eu estava bastante receoso.
Ela olhou em volta, com uma reação que eu não soube identificar. E começou a falar, prestes a agradecer, supus.
Antes que terminasse a 2ª palavra, eu contei-lhe que preparei o jantar, e ela agradeceu dizendo que queria me dizer uma coisa importante.
Eu sorri. E disse que também havia uma coisa muito importante pra lhe falar.
Fui gentil e rapidamente falei: "Você começa então."
Enquanto já tirava o anel do bolso e o escondia na palma da mão.
Ela olhou em meus olhos profundos, e friamente falou: "Eu so vim dizer adeus."
Meu coração gelou por alguns segundos, enquanto eu esperava na esperança desesperada, que ela dissesse que era apenas uma brincadeira de mal gosto.
Meus olhos encheram-se de lagrimas, e então ela disse: "O que você tinha pra dizer, era isso também?"
Prendi o choro e guardei o anel: "Sim, era."

Bom, agora eu cansei.
Cansei porque até hoje eu esperei que aquilo fosse uma brincadeira.
Até hoje eu acreditava que ela iria voltar e ficar comigo.
Até hoje eu tinha os aneis guardados no bolso...
Esperando a esperança morrer.
Mas a esperança... ela nao morre.

Até que voce mate-a.
domingo, 23 de maio de 2010 | By: Valeska Moraes

Coisas que ela nunca vai saber.

Para o único momento em que a força de um coração cruel não frea as lagrimas espontaneas de dois reprimidos olhos que gritam sempre pela mesma razão irreparavel...

Para o único dia em que o coração enfraquecido enfraquece mais do que os dias mais cinzas e sem graça e sem amor e sem cor...

Para o único dia que é pior do que o pior dia de sua vida...

Para o único segundo que não dura um segundo por ter na dor o tempo de uma eternidade...

Para a única hora em que só há um barulho capaz de arrancar todas as boas lembranças recentes possiveis, o som o qual seus ouvidos ficaram unicamente sensiveis...

Para o único momento em que "acenar sorrindo" significa: não me abandone outra vez.

Eu me rendo.
Eu me rendo a todos os seus defeitos.
A todas horas em que voce nao me deixa dormir.
Eu me rendo as suas ordens.
A suas ousadias.
Eu me rendo até aos teus insultos.
A sua maneira de me amar a distância.
Eu me rendo a sua falta de carinho.
A sua má vontade de fazer o meu gosto.
Eu me rendo as suas horas de silencio.
A sua falta de senso de humor.
Eu me rendo a seu egoismo pelo carro.
A sua preguiça de me levar pro treino.
Eu me rendo a sua voz gritante.
Aos dias em que voce so sabe cantar uma musica chata.
Eu me rendo.
Eu me rendo.


Eu me rendo a todas as suas despedidas.